Deixa a lágrima cair Deixa mesmo que seja cena. Geme baixo sua dor de dúvida, Transpira todo gelo desse coração Paralisado, Que evita, levita e evita.
Grita, Porque você não sabe pintar nem tocar nada. Abafa porque você não tem palco. E lamenta, Porque muito se perdeu. A vida passa e você sufoca desejos, Canta sozinha seu mantra de compaixão. Com todo respeito, você se admira, Levita e se evita Porque pra você não sobrou espelho E nem vestido amarelo.
A generosidade não é bonita!! Você dá seus sonhos a qualquer um Em troca de passageiros elogios. Em troca de admiradores que esquecem seu nome, Esquecem suas cores E nunca fizeram as perguntas que você tanto ensaiou responder. Isso é porque eles não se interessam. Eles não querem nada além do que seus favores. Eles não guardam o teu cheiro, Não estudam os seus detalhes E não se importam se você não dorme.
Você não escreve porque sabe que é tolice Num mundo de poetas ignorantes. Seu ego é tão confuso quanto teu corpo Que não sabe se quer gordo ou magro, Dourado ou pálido. E quem hoje quer saber o que uma semi-deusa e uma meia morta pensa?
Desabafa que passa, Depois apaga que passa um pouco mais. Porque se guarda, quer passar [à limpo] E enfeita demais a história, Camufla demais as falhas, Inibe demais os gozos. Porque você se preocupa o tempo todo Em demonstrar que não se importa Nem com os pensamentos, nem com pensadores. Nem a ortografia, Nem os elogios. Você não se sabe E faz de conta não querer saber. Evita os estudos, A psicanálise, O reflexo. Mas, na sua solidão, bem menos silenciosa que a realidade, Você se olha, levita e se olha.
Mesmo tendo medo de inflar Ou sentir pena, Olha, levita e fecha os olhos. Fantasioso repudio!! Você me da nojo Porque é medrosa E o campo minado em que pisas é repleto de margaridas, Pólvora e flores. Você me enjoa. Porque inventou um novo idioma E não o ensina pra mais ninguém Por medo de perder a exclusividade. E o fala baixo, Quase num sussurro, Por não querer que alguém o decifre. Porque você subestima tudo, Até você mesma.
Cobra de Deus sonhos tão possíveis Porque sua fé não chega nem na calçada da igreja. E se volta até contra a genética Por não ter o pouco que quer. O que você não sabe "bela princesa" É que esperar não é para ansiosos Assim como não é para a fome.
Já se foi a velha lágrima, Já mudou mais uma vez o discurso, Já veio novamente a pretensão E a busca por palavras cretinas. Essas que os pseudo-qualquer-coisa gostam de usar. Esqueces mesmo tudo tão rápido!!
Você é rio de alegria e afoga sua grande dor em ti mesma E se banha nisso, E bebe disso, Se espelha nisso E brinca de peixe pra ninguém notar Sua mistura de águas. Miserável contentamento, Miserável comodismo. Miserável e maldita lágrima, Que no meio do choro, repara que não sabe a razão da dor E volta a sorrir. Se sentindo boba e estéril.
[Na inútil tentativa de me descrever - Num sei pra quem.. rsrsrs]
Inquieta e sossegada Contraditória até demais Amante dos grandes nomes da literatura [mas tenho uma queda bruta pela beleza dos poetas anônimos] Falar oq sou eu não sei, até porque acho pouco conseguir descrever-se. Assim como descrever o amor que se sente [e eu sinto =) ] Aliás, eu só ME sinto. Sou íntima de mim. Conheço cada detalhe meu. Me sinto música. Me sinto cores. Me sinto malícia. Me sinto cheiro de bala. Me sinto sonhadora e realista, assim, de mãos dadas... Me sinto segura de unhas vermelhas Me sinto ovelha negra Me sinto criança no topo da minha excessiva maturidade Me sinto cansada tb. Muitas pedras... Me sinto mais mãe do que filha. Mais irmã do que amiga. Mais ligada do que nunca. Me sinto eu e tenho muito orgulho disso. Mesmo quando me olho no espelho e não vejo nada. Me sinto Lela, Letícia, Tica, Frutica, Lelê, Lets, Moleka, Lê... E sem ter por perto os amores que me chamam assim, me sinto pura solidão.