"E no princípio era o verbo..."
E o verbo se fez grito, maldição lançada.
"E tudo que antes era treva se fez luz..."
Luz que cega, que ofusca,
Que não deixa ver.
Não há nada de divino na vida de quem não segue as regras, o ritmo, a moda.
O que não é popular vira poeira,
Cinza querida lançada ao mar.
Ou que se deixa numa caixa
Até o dia em que a nostalgia
Nos obriga a abrir,
Nos força a olhar pra trás
Com o simples ato de olhar pra dentro.
Caixa de cinzas
Caixa de Pandora.
Mistérios que, um a um, consomem
Trituram, remoem.
Fazem gritar
O mesmo grito que antes era verbo
O tão honrado "presente dos deuses"
Supremacia egoísta
Que apunhala e cega
Dita e acusa.
Há tempos já não persegue os fracos.
No mundo real o alvo são os esclarecidos
Alvo de dedos:
Dedo no nariz, dedo no gatilho.
O resto é só efeito.
A última notícia foi o filho de Dna Maria.
"- O moço morreu antes do tempo!"
"- Belo rapaz!"
Cursava direito.
Ou seria medicina?
Qual a diferença?
"- Pobre moço, morreu sem culpa!"
Um descumpridor de leis,
Bandido vulgar
Fundamental: INCOMPLETO.
"- Dois tiros no filho de Dna Maria"
"- Desertor viciado!"
"-Vagabundo!"
Indiferente a cara do jornalista,
Indiferente quem provocou.
Que plano de governo o fez sentir ameaçado ou subestimado
Que senso ou cota o classificou como bandido desde a certidão de nascimento.
Branco, negro.
"- Não faz diferença a cor!"
O povo repete o bordão da vez:
"-Linda a propaganda contra discriminação que o governo federal lançou não é?!"
Meus sinceros aplausos ao povo
Que no noticiário não escutou a voz do criminoso miserável
Que também [VEJA SÓ!] é filho de uma Maria.
Sofridas Marias de dores tão diferentes!
Não se dão conta que são vítimas do mesmo sistema.
E muito ao contrário do óbvio,
Sofreu muito mais a mãe do que ficou.
O primeiro vira cinza
Nostalgia lançada ao mar.
Uma Maria que tão somente perdeu.
Já a [sub]Maria, a secundária,
A não citada,
Teve um pedaço de si enterrado vivo
No esgoto de um sistema
Sem chance de uma profunda e legítima defesa,
De seu grito
"- Calem a boca do desgraçado enquanto ele ainda parece culpado!"
Transformam o indivíduo num criminoso de verdade,
Assim, por livre e espontânea pressão.
Mudam seu discurso
Promovem mais uma vez o "Pão e Circo"
E calam a boca de quem ouve a notícia
Antes mesmo de se pensar no que dizer.
Camuflam a mão que cala sua boca
Com a mesma intolerância que calaram a boca do filho de Dna Maria
Que como a primeira,
CHORA.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
"E a primeira vez é sempre a última chance..."
Renato Russo com suas [sempre] sábias palavras sempre me prende nesse verso. É sempre nessa parte que a música continua e as palavras fazem eco na cabeça...
E assim começo [finalmente] esse ciclo [será?!!], esse desafio.
Desafio mesmo pq já se passaram oito meses e o blog só tem endereço e nome rsrs
E hj me dei a última chance de dar o tão esperado primeiro passo. É certo q o primeiro nunca foi tão difícil... difícil é dar o primeiro passo com uma certeza do segundo. Como tenho notado que esse dia de "certeza do amanhã" não vai chegar NUNCA... errrrr..... bom, lá vou eu.
O primeiro texto não era bem oq eu imaginava para post [confesso]. Mas o dia é hoje!! E hj acordei assim!!
Escrevi ele de manhã, nem tinha levantado da cama ainda.... e vai ser assim, no impulso de um improviso que as coisas vão acontecer.
Boa sorte a quem se arriscar!!
Assinar:
Postagens (Atom)